Cientistas mulheres que inspiraram Flávia Miranda

No dia 11 de fevereiro, comemora-se internacionalmente o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência. A data, instituída em 2015 pela Assembléia das Nações Unidas, tem como objetivo promover igualdade nas áreas da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento socioeconômico sustentável.

 

Em 2023, em sua 8ª edição, a assembleia ocorrerá na sede das Nações Unidas (ONU) em Nova York, Estados Unidos, e terá como tema o papel das meninas e mulheres na ciência nos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU: ODS 6 (água limpa e saneamento); ODS 7 (energia acessível e limpa); ODS 9 (indústria, inovação e infraestrutura); ODS 11 (cidades e comunidades sustentáveis) e ODS 17 (meios de implementação).

 

Bom, em homenagem ao tema, neste texto iremos contar sobre grandes cientistas que trabalham (ou trabalhavam) pela conservação da biodiversidade. Mais especificamente, mulheres que inspiraram Flávia Miranda, presidente e fundadora do Instituto Tamanduá, pesquisadora que é referência mundial na conservação de xenarthras

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Flávia Miranda. Foto: Instituto Tamanduá.

Flávia Miranda

Antes de falarmos quem inspirou a Flávia, vale lembrar o porquê ela tanto nos inspira. Quando criança, ela já era apaixonada pela vida selvagem. Tornou-se médica veterinária e desde então, dedica a sua vida para a conservação da biodiversidade, principalmente para a conservação dos xenarthras (tamanduás, tatus e preguiças).

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Flávia Miranda. Foto: Adriano Gambarini.

Além de fundar o Instituto Tamanduá, participou da descoberta das 6 espécies de tamanduaí, nova espécie de preguiça-de-coleira, entre tantas outras contribuições importantes. 

 

Quer saber mais sobre a carreira de Flávia Miranda? Clica aqui e confira!

1ª inspiração: Dian Fossey

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Foto: Robert I.M. Campbell, National Geographic Creative.

Quem aqui não se lembra do filme A Montanha dos Gorilas (1988)? Ainda criança, Flávia assistia várias (e várias) vezes esse filme que conta a história de Dian Fossey, mulher que acabou se tornando a primeira e grande ídola conservacionista da Flávia!

 

Para quem não conhece essa história, Dian era uma americana que, em 1967, viajou para Ruanda, na África e ficou admirada pelos ameaçados gorilas-da-montanha. Talvez, admiração seja um termo muito raso perto da profunda conexão e vontade de ajudá-los que Dian sentiu. 

 

Em uma época onde as mulheres não eram as grandes protagonistas de suas histórias, Dian largou toda a sua vida nos Estados Unidos, para estudar gorilas em um destino um tanto incomum, que era as montanhas de Ruanda. Não só teve muita coragem para mudar de vida, como para lutar com garras e dentes contra os caçadores, que se mostraram a maior ameaça ao estado de conservação desses animais. 

 

Tentar resumir quem foi Dian Fossey é quase impossível, pois não há palavras suficientes que exaltam a força, a coragem e a determinação desta grande mulher. Mas, para vocês conhecê-la melhor, recomendamos essa matéria e claro, o filme em sua homenagem (A Montanha dos Gorilas), além de seu livro Gorillas in The Mist.

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Dian e seu livro. Foto: Dian Fossey Gorilla Fund.

Com quase 54 anos, Dian foi assassinada em sua cabana de estudos na África. O crime tratado como uma vingança pessoal, nunca foi solucionado. Mas as suas ações para a conservação dos gorilas permanecem com o centro de pesquisa criado por ela, o Centro de Pesquisa Karisoke e o Dian Fossey Gorilla Fund, fundo para arrecadar recursos para ações contra caça furtiva dos gorilas, entre outras ameaças.

 

Uma curiosidade interessante é que, quando pequena, Flávia admirava tanto Dian, que sonhava, não apenas em se tornar uma grande conservacionista, mas também a ter um carro igual ao da pesquisadora dos primatas! Sonho que se concretizou na vida adulta: sim, ela tem o mesmo carro que Dian, um Defender, da Land Rover!  

2ª inspiração: Bertha Lutz

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Foto: Arquivo ONU.

Já na adolescência, Flávia teve uma segunda grande fonte de inspiração: Bertha Maria Júlia Lutz. Formada em Ciências Naturais, com especialização em anfíbios, na França, e em Direito no Brasil, Bertha foi a segunda mulher do Brasil a fazer parte do serviço público, após passar no concurso de docente e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro. 

 

Inclusive, após trabalhar em museu e visitar vários outros, ela publicou seu livro A Função Educativa Dos Museus, e a partir de seus estudos com anfíbios, publicou o livro Brazilian Species of “Hyla” (ou seja, espécies brasileiras de anfíbios do gênero Hyla). Esses livros inspiraram Flávia Miranda a pesquisar mais sobre Bertha e conhecer mais a fundo sua história.

 

Em uma mistura de pesquisadora e ativista política, Bertha se destacou não só na área da conservação, onde defendia a pesquisa científica e conservação da natureza, como na área política, onde ocupou diversos cargos públicos e funções diplomáticas, lutando principalmente pelos direitos das mulheres, conseguindo junto a outros ativistas o direito ao voto feminino.

 

Além de lutar pela igualdade salarial, licença maternidade, entre outros pontos fundamentais. Por toda dedicação e empenho nessas causas sociais, foi considerada a pioneira do feminismo brasileiro.

 

Já deu para perceber que resumir a trajetória de Lutz também não é tarefa fácil, né?! Você pode conferir mais sobre ela acessando o e-book Bertha Lutz que conta a sua história, assim como essa matéria!

3ª inspiração (e uma grande amiga): Neiva Guedes

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Foto: João Marcos Rosa.

Um pouco mais tarde, mas ainda antes de entrar na graduação, Flávia ficou admirada ao assistir uma palestra da Neiva Guedes e conhecer seu trabalho. 

 

Neiva é uma bióloga, pesquisadora e professora, que mudou a história das araras-azuis. A espécie, que estava à mercê da extinção, foi salva pelo pioneirismo e dedicação dessa grande conservacionista. 

 

Para vocês terem ideia, a população de araras-azuis, nos anos 80 era estimada em 2500 indivíduos maduros. Em 2003, essa estimativa subiu para 4.300 indivíduos maduros, mudando o estado de conservação a nível internacional para um enquadramento melhor. Embora ainda seja ameaçada, atualmente, seu estado de conservação é classificado como “Vulnerável”. Um dado incrível, não é mesmo?!

 

Durante esse período, Neiva fundou o Instituto Arara Azul, conduzindo diversos projetos de proteção ambiental, como o Projeto Arara Azul no Pantanal e o Projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade, com principalmente araras-canindés em Campo Grande / MS. Vale ressaltar que você pode contribuir com essas ações lindas para a conservação das araras de várias formas, saiba mais aqui.

 

Ao longo de suas trajetórias, essas duas pesquisadoras brasileiras se cruzaram em diversas ocasiões, surgindo daí, uma bela amizade!

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Flávia e Neiva. Foto: Arquivo pessoal de Flávia Miranda.

Mulheres na ciência: vocês são demais!

Neste texto, citamos apenas 4 importantes cientistas, entre tantas outras, que se destacaram por seus trabalhos e que serviram de inspiração à nossa fundadora. A luta de cada mulher para conquistar a posição que deseja na sociedade é fundamental para construirmos juntas, uma sociedade mais igualitária.

 

Pensando nisso, estimulamos a todas as meninas e mulheres que sonham em se tornar cientistas, a simplesmente seguirem seus desejos. Tenham coragem e persistência para seguir seus sonhos, e tenham a certeza de que com dedicação, tudo é possível. 

 

Feliz Dia das Meninas e Mulheres na Ciência! 



Texto por: Jéssica Amaral Lara

Revisado por: Juliana Cuoco Badari  

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