Quais os Impactos das Mudanças Climáticas sobre os Xenarthras?

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já alerta sobre os impactos da crise climática há mais de 20 anos, publicando diversos relatórios e avaliações sobre as mudanças que o clima vem sofrendo. 

 

Os animais são as principais vítimas dos efeitos das mudanças climáticas e sofrem com elas desde o começo. Algumas espécies possuem adaptações singulares e podem simplesmente deixar de existir devido aos impactos sofridos. O grupo dos Xenarthras é um deles!

 

No dia 16 de março é celebrado o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, e aproveitamos a data para te explicar quais são os impactos provocados pelas mudanças climáticas sobre Xenarthras. Vem ler o texto e entender o assunto! 

Crise Climática e o Impacto à Vida Selvagem

O planeta Terra é capaz de se autorregular devido às interações, funções ecológicas das espécies e dos processos naturais. Os serviços ecológicos produzidos pelos ecossistemas, como por exemplo, o abastecimento de água, regulação do clima, polinização, dispersão de sementes e dentre outros, que são fornecidos pela natureza, possibilitam que as condições ambientais sejam ideais para manter a vida no planeta da forma que conhecemos.

 

Há anos, a ciência vem alertando para os problemas causados pelas emissões de gases do efeito estufa causados pelas atividades humanas industriais, desmatamento, destruição da natureza, uso excessivo de agrotóxicos, poluição e muitos outros. Essas atividades estão alterando o clima natural da Terra, desequilibrando o funcionamento dos ecossistemas e tornando o planeta mais suscetível a desastres ambientais.

Foto: Marcio Isensee.

A alteração das condições ambientais ideais, coloca em risco a sobrevivência de inúmeras espécies.

 

Esses fatores, juntamente com a caça, o tráfico de animais silvestres, a introdução de espécies exóticas e a destruição de habitats, contribuem com a redução da biodiversidade do planeta, que já encontra-se em constante risco, pois nas últimas 5 décadas observou-se a diminuição de ⅓ da vida selvagem presente na Terra.

 

Segundo o relatório da WWF publicado em 2015, uma em cada seis espécies estão ameaçadas de extinção.

 

Contudo, atualmente, as mudanças climáticas se tornaram a principal ameaça para a fauna silvestre. 

Pinguins sofrem reduções populacionais significativas devido às mudanças climáticas / Foto: Sylvia Rubli.

De que forma as mudanças climáticas ameaçam os Xenarthras?

Os xenarthras não ficam de fora desse grande problema. Existem 19 espécies do grupo no Brasil e grande parte encontra-se ameaçada. 

 

Grande parte dos biomas que estes animais habitam, se encontra ameaçado, especialmente devido às mudanças climáticas, que tem como principais consequências secas cada vez mais extremas, o aumento da temperatura da superfície terrestre, atmosférica e oceânica, elevação do nível do mar, acidificação do oceano, altas concentrações de gases do efeito estufa, chuvas intensas, inundações, tempestades de vento, ondas de calor/frio intensas, diminuição das calotas polares no oceano ártico, além do aumento de ciclones tropicais. 

Tamanduá-bandeira impactado pelas secas intensas no Pantanal / Foto: Phillip Morton.

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), por exemplo, apresenta ampla distribuição, porém encontra-se classificado como vulnerável na lista de animais ameaçados da IUCN em decorrência de diferentes ameaças.

 

Que tal saber mais sobre a biologia e ameaças que os Tamanduás-bandeiras sofrem? Clique aqui e acesse nosso blog

 

Mas devido às mudanças climáticas, seu habitat têm ficado cada vez mais seco e suscetível a queimadas e incêndios, diminuindo cada vez mais sua distribuição, quantidade de alimento e disponibilidade de água. Além dos inúmeros indivíduos que são afetados pelas queimadas e até mesmo, queimados pelo fogo. 

 

Um grande exemplo da intensificação desses efeitos é observado no Pantanal, a maior planície alagada do mundo e completamente dependente da água. 

 

Com o passar dos anos, estudos mostram que as temporadas de cheias estão ficando cada vez mais reduzidas. Em menos de 40 anos, as áreas alagadas reduziram drasticamente. Em 1985, essas áreas somavam cerca de 4 milhões de hectares, já em levantamento realizado em 2021, caíram para 1,1 milhões de hectares. 

 

É muito importante ressaltar que todos esses fatores são intensificados pelas ações humanas no bioma, que juntamente com a crise climática, prejudicam ainda mais  a sobrevivência dos tamanduás. 

Foto: Katia Facure.

As espécies que habitam regiões costeiras, como é o caso de algumas espécies de preguiças (Bradypus sp.), tal como a recém descoberta preguiça-de-coleira-do- sudeste (Bradypus crinitus) e a preguiça-bentinho (Bradypus tridactylus), que habitam somente regiões litorâneas, vivem sob constante ameaça, pois a elevação do nível do mar pode acarretar a destruição de seus habitats. 

 

A conservação das preguiças-de-coleira-do-sudeste também preocupam, pois a espécie pode perder mais de 7,000 km² de áreas adequadas para a permanência da espécie. Sendo assim, é extremamente necessário que os habitats florestais sejam recuperados para garantir minimamente  a sobrevivência desses Xenarthras.

 

Muitas pesquisas atuais ressaltam a urgência de medidas de restauração do bioma para diminuir os efeitos das mudanças climáticas. 

Preguiças são constantemente ameaçadas devido a perda de florestas e habitat, intensificando as mudanças climáticas / Foto: P. Pantel - Association Nationale pour la Biodiversité.

Outros diversos impactos ainda podem atingir as espécies e diversos animais já vêm sofrendo modificações em seu modo de vida  buscando adaptar-se às novas condições ambientais para sobreviver; são alterações comportamentais e cognitivas, redução ou aumento de tamanho e até mesmo, variações na forma que se reproduzem. 

 

O aquecimento do planeta reduz a disponibilidade de comida e de água, o que torna o ambiente cada vez mais estressante e dificultoso a sobrevivência destas espécies. 

 

Por isso, é muito importante que sejam traçadas medidas de combate aos efeitos das mudanças climáticas, bem como a realização de estudos a fim de desenvolver estratégias que promovam a conservação dos xenarthras e a preservação de seus habitats.

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

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