Retrospectiva de 2022

Chegamos ao final de 2022, ano marcado por MUITAS atividades, pesquisas e descobertas para o Instituto Tamanduá. Neste texto, fazemos uma retrospectiva dos momentos mais marcantes do ano. Relembre com a gente!

Projeto Órfãos do Fogo no Domingão com Huck

Alexandre, Karina e Luciano Huck.

O ano começou com o Instituto Tamanduá no Domingão com Huck! Lá participamos do The Wall, um jogo de perguntas em que uma dupla enfrenta uma parede enorme em busca do prêmio em dinheiro, que pode chegar a R$ 1,7 milhão. 

 

A dupla que representou o Instituto foi o vice-presidente e coordenador de projetos Alexandre Martins e a coordenadora da Base Delta, Karina Molina. Eles buscaram recursos para o Projeto Órfãos do Fogo, para a reabilitação e reintrodução de tamanduás-bandeira no Pantanal. 

 

Infelizmente, não ganhamos nada (nada mesmo)! Assim, fizemos uma campanha em nossas redes sociais para arrecadar recursos para os órfãos. O resultado? No total, 229 pessoas doaram, totalizando R$ 29.114,22. E claro, ficamos muito felizes e gratos!

 

Quer assistir a participação deles no Domingão? Então clica aqui.

Ano movimentado em nossa Base Pantanal com os órfãos do fogo

Bento, tamanduá que chegou à base em 2022. Foto: Karina Molina.

Ao longo do ano, novos tamanduás-bandeiras órfãos foram recebidos em nossa Base e a Tamara e o Joaquim, tamanduás já reabilitados foram soltos na natureza. Também ocorreu a transferência da Aurora, tamanduá em fase final de reabilitação, para a Reserva Santuário do Instituto Raquel Machado, parceiro do Instituto Tamanduá, para sua soltura próxima ao local onde foi encontrada. 

 

Além, é claro, de todo o trabalho feito com os mais de 10 órfãos em reabilitação e o monitoramento dos que já voltaram para onde nunca deveriam ter saído, a natureza. Conheça a história de todos os tamanduás do projeto aqui

 

Tem mais! Esse ano construímos dois novos recintos para a reabilitação desses xenarthras, cada um com cerca de 350m² cada! Ao todo são 11 recintos no Pantanal, financiados por nossos apoiadores.

Realizamos muita educação ambiental na Pousada Aguapé, onde está localizada a nossa Base Pantanal: mais de 450 pessoas de 13 países diferentes e 12 estados brasileiros conheceram e puderam acompanhar nossa equipe. Turmas de estudantes e turistas participaram de atividades de monitoramento por radiotelemetria e armadilhamento fotográfico, conhecendo um pouco mais sobre o nosso projeto e sobre os tamanduás-bandeira.

Flávia Miranda viajou para Alemanha e México

A nossa presidente, Flávia Miranda, representou o Instituto em duas viagens internacionais. A primeira, para a Alemanha, onde palestrou no Workshop de Pequenos Mamíferos da Associação Europeia de Zoológicos e Aquários.

Flávia na Alemanha.

A segunda, para o México, onde se reuniu com o governador do estado de San Luis Potosí, Ricardo Gallardo, para conversarem sobre a conservação dos Xenarthras, ministrou um seminário no Museu Tamuantzán, intitulado “Cuidado e preservação do Meio Ambiente” e um curso de capacitação de resgate e reabilitação de Xenarthra com fins de conservação no Selva Teenek. 

Flávia no Curso de Resgate e Reabilitação. Foto: Selva Teenek

A visita no país mexicano não parou por aí. Foi firmado um acordo de colaboração entre o Instituto Tamandua e o Selva Teenek, para juntos, realizarem pesquisas importantes aos xenarthras (principalmente à espécie Tamandua mexicana, ainda pouco estudada), intercâmbio de profissionais, materiais para educação ambiental e influenciar a política ambiental regional e latino-americana. 

 

Não podemos deixar de lembrar que ela ganhou uma pintura na “parede da fama” da Villa Tamandua, assista ao momento aqui

Flávia e equipe do Selva Teenek. Foto: Selva Teenek

Apoio ao Programa de Conservação e Manejo dos Tatus das Planícies Orientais, da Fundação Omacha, na Colômbia

Foto: Fundación Omacha.

O médico veterinário Vinicius Gasparotto, participou da primeira campanha de campo do Programa, que tem como um dos objetivos conhecer melhor o tatu-da-savana (Dasypus sabanicola), espécie endêmica das savanas da Colômbia e Venezuela, classificada como Quase Ameaçada (NT) pela IUCN e o tatu-canastra (Priodontes maximus), espécie encontrada em vários países da América do Sul, considerada ameaçada de extinção (Vulnerável). 

 

Pela dificuldade de detecção e encontro com indivíduos dessas espécies, poucos são os estudos existentes sobre elas.

 

Na campanha foram capturados três indivíduos de tatu-da-savana e durante os procedimentos, Vinicius realizou um treinamento da equipe para equiparem os tatus com o material de telemetria, o que não é uma tarefa fácil, por conta da sua carapaça óssea e por seus hábitos semifossoriais. 

 

O equipamento de telemetria ajudará a levantar dados e entender a ecologia dessas espécies em vida livre.

Cecília e o prêmio Personalidade Única Animal

Cecília. Foto: Manoela Pinho.

A Cecília, órfã de tamanduá-bandeira que perdeu sua mãe em um incêndio no Pantanal, em 2021, e passou por um longo processo de reabilitação em nossa Base Pantanal, venceu o Concurso Personalidade Única da World Animal Protection

 

O concurso apresenta as personalidades distintas dos animais selvagens e os locais que os protegem. A instituição ganhadora do concurso recebe 10.000 dólares para gastar no apoio à proteção da fauna.

 

Por sua personalidade única, Cecília ganhou a admiração de todos de nossa base e também, da World Animal Protection: é super curiosa e atenta, adora brincar e interagir com os enriquecimentos ambientais que colocamos no recinto, em especial a água, ela AMA tomar banho.

Avanço em nosso Projeto de Reflorestamento de Manguezais

Semeadura. Foto: Karina Molina

Ao longo do ano avançamos em nosso Projeto de Reflorestamento de Manguezais, na Reserva Extrativista Marinha Delta do Parnaíba. Com a união de moradores de quatro comunidades tradicionais do Delta (Amar Delta), da nossa equipe e da equipe do ICMBio, coletamos e semeamos 4.000 propágulos (sementes) de mangue-vermelho (Rhizophora mangle) em apenas 4 dias de muito trabalho! 

 

Meses depois, com o desenvolvimento das mudas, realizamos o primeiro plantio de mangues na comunidade do Passarinho. Foram mais de 2000 mudas plantadas, a partir da união de mais de 30 pessoas.

Transferência do Yoyo e o 1º Projeto de Conservação Ex Situ de Tamanduaí no Brasil

Yoyo. Foto: Karina Molina.

Yoyo, o único tamanduaí sob cuidados humanos atualmente no mundo, foi transferido da nossa Base do Piauí (onde estava em reabilitação após ter sido resgatado há um ano e meio, extremamente debilitado) para São Paulo, especificamente, para sua nova casa, o Zooparque Itatiba. A transferência foi feita em um voo super especial da Gollog

 

Você pode relembrar esse momento marcante clicando aqui

 

Lá, teve início o 1º Projeto de Conservação Ex Situ de Tamanduaí no Brasil, projeto contemplado pelo nosso Programa de Conservação dos Tamanduaís e seus Habitats. Por ser o único de sua espécie em cativeiro para fins de conservação, o seu manejo traz importantes aprendizados e dados que podem ajudar na conservação de todos os tamanduaís, além de ser o início do projeto de reprodução da espécie, visando a reintrodução de indivíduos futuramente em áreas que a população foi reduzida.

Flávia Miranda foi indicada ao Prêmio Indianápolis

Flávia Miranda foi indicada ao Prêmio Indianápolis 2023, o principal prêmio mundial de conservação da vida selvagem. A indicação decorre dos seus mais de 20 anos de trabalho em prol da conservação dos xenarthras. Ao todo, foram indicados 51 líderes globais em ações de conservação

 

Serão premiados 6 finalistas, a serem escolhidos pelo Comitê de Indicação do Prêmio. Entre eles, haverá um vencedor, escolhido pelo júri, composto por conservacionistas de renome internacional e representantes de Indianápolis. O vencedor receberá 250 mil dólares e os demais 50 mil dólares.

 

O Prêmio destaca o trabalho de conservacionistas não só por salvarem espécies, mas também, por contribuírem para o futuro sustentável das próximas gerações.

 

Que honra ter uma fundadora e presidente tão inspiradora guiando os passos do Instituto Tamanduá. Mais do que isso, que honra ter uma pesquisadora brasileira que é uma referência mundial em ações de conservação!

Projeto ECP Tatu Bola

Fizemos uma nova parceria para a conservação dos tatus-bola-do-nordeste.

Tatu-bola-do-nordeste. Foto: Rodolfo Assis.

O biólogo e mestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, Rodolfo Assis Magalhães entrou para o time do Instituto Tamanduá. Rodolfo faz parte do projeto ECP Tatu-bola, um projeto de conservação que objetiva entender melhor a distribuição, população e biologia do tatu-bola-do-nordeste (Tolypeutes tricinctus), animal ameaçado de extinção que só existe no Brasil. 


Com ele em nossa equipe, ampliamos as nossas pesquisas com a espécie. Ao longo do ano, foram realizadas 4 campanhas de campo do Projeto, no Sumidouro, além de oficinas comunitárias e muita educação ambiental.

Educação ambiental. Foto: Rodolfo Assis.

Um novo estudo com a participação do Rodolfo também foi publicado, demonstrando uma forma de diferenciar as duas espécies de tatus-bolas: Tolypeutes matacus e Tolypeutes tricinctus, e, também, de diferenciar os indivíduos de cada espécie.

Várias expedições de campo

Além das várias expedições que já comentamos, também realizamos expedições para pesquisa com tamanduaís de vida livre, visando entender melhor sua ecologia nas ilhas do Delta do Parnaíba e arredores e  levantar informações sobre sua reprodução com a pesquisadora Anneke Moresco.

 

Ocorreram outras 2 expedições, essas para o estudo de Xenarthras Amazônicos, na Reserva Biológica Gurupi com os pesquisadores Maíra Prestes e Alexandre Martins. Desde 2016, em parceria com o Programa Monitora ICMBio, obtemos dados riquíssimos dos xenarthras na Amazônia através do Protocolo TEAM de armadilhamento fotográfico

 

No total cinco Unidades de Conservação são contempladas e ao todo, já tivemos mais de 4 mil registros independentes, de ao menos sete espécies diferentes de xenarthras, entre tatus, tamanduás e até uma preguiça de dois dedos (Choloepus didactylus) foi registrada! Resultando em informações sobre a ecologia, o comportamento e tendências temporais destas populações.

Um dos 4.000 registros através do Protocolo TEAM. Foto: Programa Monitora.

Realizamos a primeira expedição para coleta de amostras biológicas de Xenarthras Amazônicos no Tocantins, com os pesquisadores Vinicius Gasparotto e Maíra Prestes. O material coletado será utilizado para análise da genética e da saúde dos animais; após seu uso, irão compor um Banco de Amostras Biológicas de Fauna Silvestre dos dois biomas do estado: a Amazônia e o Cerrado. 

 

Esse trabalho é realizado em parceria com o Instituto Natureza do Tocantins – órgão ambiental estadual e a Universidade Católica do Tocantins.

Vinicius e Maíra em expedição no Tocantins. Foto: Léo Lorentz.

Muitas pesquisas = muitas descobertas

Vários artigos foram publicados ao longo do ano. Em um deles, Flávia Miranda em colaboração com outros 5 pesquisadores, descreveram mais uma espécie de bicho-preguiça


O gênero Bradypus antes era representado por três espécies, sendo uma ameaçada de extinção e que só ocorre na Mata Atlântica do Brasil: a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus).

Preguiça-de-coleira. Foto: Instituto Tamanduá.

Com o estudo foi visto que, na verdade, não existe apenas uma, mas duas espécies: a já conhecida B. torquatus, chamada agora de preguiça-de-coleira do nordeste, por ocorrer nos estados da Bahia e Sergipe; e a recém descoberta preguiça-de-coleira do sudeste (Bradypus crinitus), que ocorre nos estados do Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

Em vermelho, distribuição da preguiça-de-coleira-do-nordeste e em amarelo, da preguiça-de-coleira-do-sudeste. Foto: Artigo, Miranda et al. (2022).

Com a revisão taxonômica, a pesquisadora associada Paloma Marques Santos e outros pesquisadores, avaliaram os efeitos das mudanças climáticas em áreas adequadas para esses xenarthras. Foi visto que as preguiças-de-coleira-do-sudeste podem perder mais de 7.000 km² de áreas adequadas, sendo extremamente necessário a recuperação de seus habitats florestais, para garantir um mínimo de área de habitat para a sobrevivência da espécie. 

 

Por outro lado, mesmo com as mudanças climáticas, as preguiças-de-coleira-do-nordeste possuem mais áreas adequadas para viver.

 

Outro artigo com a participação da Flávia Miranda demonstrou uma provável população desconhecida de tamanduaís, na Caatinga, no nordeste brasileiro, em área que precisa ser conservada e que deve ser foco para os novos estudos. Essa possível população conectaria a população amazônica à atlântica, sendo muito importante para a diversidade genética da espécie. 

 

As principais ameaças e desafios que a vida selvagem enfrenta ao longo dos nove grandes biomas neotropicais foram identificadas em estudo feito por 4 pesquisadoras, entre elas, Flávia Miranda e a pesquisadora associada Sofia Marques Silva. Leia o estudo e entenda melhor.

10ª Edição do Curso Internacional de Capacitação para Trabalho com Fauna Silvestre

Em Dezembro ocorreu a 10ª Edição do nosso Curso de Capacitação no Pantanal. A edição contou com vários profissionais renomados da área. Foram 16 palestrantes, em um curso teórico e prático que contabilizou 92 horas de conhecimento em 10 dias.

Foto: Instituto Tamanduá.

Sem falar no avanço em nossas demais pesquisas com xenarthras e nos diversos eventos que participamos, como a reunião anual do Pró-Espécies, programa nacional extremamente importante para a conservação de espécies ameaçadas de extinção e a 2° Edição do Diálogo das Mulheres dos Manguezais Amazônicos e da Feira de Produtos dos Maretórios Extrativistas Costeiros e Marinhos, encontro em que mais de 30 mulheres residentes de Unidades de Conservação, quilombos e comunidades tradicionais do litoral do Maranhão e Piauí participaram.

 

Em relação às políticas públicas, continuamos nossa participação do PAN Tata (Tamanduá-bandeira, tatu-canastra e tatu-bola) na terceira monitoria do Plano, junto com pesquisadores renomados na conservação dessas espécies.

 

Todas essas ações só foram possíveis graças ao apoio de nossos parceiros e de todas as pessoas que doaram ao longo do ano. Somos imensamente gratos pela ajuda e disposição de cada um de vocês em nossas várias frentes de atuação pela conservação dos xenarthras. 

 

Que ano cheio, que felicidade! Que venha 2023 com mais pesquisas, descobertas e conservação dos xenarthras!

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