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Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla): esse narigudo simpático e diferentão é a espécie que deu origem ao Instituto Tamanduá, e uma das espécies-chave para a manutenção dos ecossistemas onde estão inseridos.
Ele é membro da superordem Xenarthra, grupo de mamíferos que inclui os tatus, tamanduás e bichos-preguiça, e surgiu na América do Sul entre 65 a 80 milhões de anos atrás.
Neste texto, compilamos as principais informações sobre esse animal e te contamos porquê ele precisa tanto de nossa ajuda. Continue acompanhando e se apaixone por essa espécie incrível!
Com uma aparência bem diferente, o tamanduá-bandeira chama a atenção por onde passa.Primeiramente, pelo seu tamanho: considerando sua longa cauda, seu comprimento pode chegar a dois metros, mas em média chega a 1,2m. Já o seu peso pode chegar a mais de 45 kg, mas em média pesa cerca de 31,5 kg.
Falando na cauda, é ela quem deu origem ao nome desse gigante: bandeira. Afinal, durante o movimento, ela se balança exatamente como uma.
Outra característica marcante é a faixa diagonal preta com bordas brancas que possuem em meio à grossa e comprida pelagem acinzentada. E claro, o seu focinho estreito e comprido, que abriga uma longa língua, de até 60cm de formato tubular. Especializados em comer cupins e formigas, os bandeiras usam sua língua repleta de saliva pegajosa para capturar os insetos dentro de cupinzeiros e formigueiros.
Para abrir um buraquinho nessas firmes estruturas e pegar os insetos, eles contam com seus membros anteriores. Dos quatros dedos que possuem, o segundo e o terceiro apresentam garras longas e fortes, usadas tanto para auxiliar na alimentação quanto para defesa contra seus predadores, os grandes felinos (onças-pintadas e onças-pardas).
Ao caminhar, suas garras ficam voltadas para trás, encaixadas em seu coxim palmar. Assim, eles caminham apoiando o peso na parte posterior do membro.
Por outro lado, seus membros posteriores possuem 5 dedos, todos com unhas curtas.
E por fim, o seu principal sentido é o olfato, seguido da audição e da visão, que compreende o sentido menos desenvolvido.
Os tamanduás possuem hábitos solitários, caminham sozinhos em busca de comida. É possível vê-los juntos em duas ocasiões: um casal em época reprodutiva ou uma mãe com seu filhote.
Para marcar território, eles podem deixar arranhões em troncos de árvores. Isso pode ser uma forma de estresse, ou apenas de comunicação entre os indivíduos.
São mais ativos durante os períodos mais amenos do dia, afinal, não lidam bem com temperaturas muito quentes, nem extremamente frias. Normalmente, nos períodos mais frescos, eles usam áreas abertas para a alimentação e nos períodos mais quentes, áreas florestais para repouso e abrigo.
Uma curiosidade interessante, é que eles são excelentes nadadores, podendo atravessar rios largos. Inclusive, não é difícil serem encontrados tomando um bom banho. Na hora de dormir, usam sua bela cauda como camuflagem e como um cobertor para manter o corpo quentinho.
Sua dieta é composta por formigas e cupins, mas o consumo de larvas e adultos de besouros, assim como abelhas (e possivelmente mel), já foi documentado.
Em um único dia, um tamanduá pode consumir cerca de 35 mil formigas/cupins, possuindo uma importante função ecológica de controle populacional desses insetos.
Os tamanduás-bandeira atingem a maturidade sexual entre 2,5 e 4 anos de idade e podem se reproduzir ao longo de todo o ano. A fêmea tem um filhote por gestação (embora, em raríssimos casos, houveram relatos de gêmeos) e cada gestação dura cerca de 190 dias.
Após nascer, o filhote fica grudado nas costas da mãe durante 6 a 9 meses, camuflado em meio a sua pelagem. À medida que cresce, ele também começa a se alimentar de insetos, reduzindo o consumo do leite materno, até que se torne independente.
Embora o bandeira, normalmente, tenha um único filho, uma fêmea já foi vista com dois filhotes de tamanhos diferentes, grudados em suas costas.
Não se sabe quanto tempo eles vivem em vida livre. Em cativeiro, o maior tempo registrado foi de 32 anos, no Zoológico de São Paulo.
Ocorrem em quase todos os biomas brasileiros: Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia. E também em outros países da América do Sul e Central.
Na imagem abaixo é possível ver, em amarelo, a sua distribuição atual, e em vermelho, a sua distribuição histórica, ou seja, onde eles foram possivelmente extintos (sul dos pampas do Uruguai e do Brasil, Guatemala e à costa da Costa Rica).
O livro “Mamíferos da América do Sul” (Gardner, 2007) reconhece três subespécies de tamanduá-bandeira, distribuídas pela região Neotropical:
Em um artigo publicado em 2022, por nossa presidente, Flávia Miranda, em colaboração com outros pesquisadores, levantou-se a hipótese de que exista apenas uma subespécie do animal. No estudo, os pesquisadores realizaram algumas análises genéticas e estatísticas, onde fizeram comparações com resultados anteriores.
De acordo com o artigo, mais investigações genéticas são necessárias para entender e conhecer melhor as populações de tamanduás-bandeiras ao longo de toda a sua distribuição.
Os estudos realizados anteriormente, em sua maioria, não são comparáveis, pois não utilizaram a mesma sequência genética em suas análises, sem contar, que as amostras genéticas disponíveis representam uma parcela pequena das populações avaliadas..
Além disso, há ainda uma limitação de material necessário para essa avaliação. Os marcadores moleculares, ou seja, as sequências de DNA sintéticas, usadas nas técnicas moleculares, são pouco conhecidas.
Um dado relevante é que no Pantanal e no Cerrado, encontram-se as populações de tamanduás-bandeira mais importantes para o país, que auxiliam na conservação de todas as outras. Elas são as maiores contribuintes genéticas para as populações vizinhas, permitindo que a variabilidade de seus genes continue viável.
Infelizmente, a ampla distribuição dos tamanduás-bandeira não é sinônimo de abundância de indivíduos. As populações vêm diminuindo consideravelmente e a espécie é considerada internacionalmente como Vulnerável (VU).
No Brasil, já é considerada possivelmente extinta nos estados do Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Já nos estados do Paraná, Pará, São Paulo e Minas Gerais está ameaçada de extinção.
Em outras palavras, somente as populações do Pantanal e da Amazônia são relativamente estáveis. No Cerrado e na Mata Atlântica, as populações provavelmente estão diminuindo, podendo estar beirando a extinção neste último bioma. Já na Caatinga, a sua presença precisa ser melhor estudada.
Nos países Uruguai, Belize, Guatemala, El Salvador e em alguns locais da Argentina, sua provável extinção foi documentada.
O desmatamento, que leva a perda e a fragmentação de seus habitats, está entre as principais ameaças. Além desta, podemos citar os incêndios florestais, grande ameaça em todo o país (mas vista claramente em nossos trabalhos no Pantanal, onde reabilitamos filhotes órfãos – saiba mais aqui), os atropelamentos, a caça, o envenenamento por agrotóxicos, enfermidades de animais domésticos e ataques de cães.
Infelizmente, são muitas as ameaças que os cercam e, com isso, suas populações estão diminuindo. Por isso, precisamos de todo o seu apoio para ajudar na conservação dos nossos amados tamanduás-bandeira!
Claro, uma das melhores formas de ajudar essa espécie é apoiar as instituições que trabalham direta ou indiretamente na conservação dos tamanduás e de seus habitats. Que tal conhecer melhor o nosso trabalho e contribuir com as ações para a conservação da espécie? Clique para nos apoiar.
Mas também, viemos ressaltar outra valiosa forma de ajuda: a divulgação de conhecimento! Muitas pessoas, por falta de informação, têm receio dos bandeiras. Vários são os mitos que os cercam e como sabemos, é preciso conhecer para conservar. Por isso, seja em uma conversa ou até mesmo em suas redes sociais, não hesite em compartilhar conhecimento sobre esses animais!
Texto por: Jéssica Amaral Lara
Revisado por: Gustavo Figueirôa e Juliana Cuoco Badari
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