Tamanduá-mirim: biologia e ameaças

O tamanduá-mirim ou tamanduá-de-colete (Tamandua tetradactyla) é um mamífero de médio porte que pertence à ordem Pilosa, subordem Vermilingua e à família Myrmecophagidae, sendo encontrado em todo o território nacional, distribuído em todos os biomas brasileiros.

 

Possui esse nome popular por apresentar pelos mais escuros nas costas, se assemelhando ao formato de um colete.

 

Nós falamos bastante deles em nosso instagram, mas você realmente conhece a espécie? 

 

Continua com a gente que vamos te explicar a biologia desses animais e quais as principais ameaças. 

Características

Essa espécie de médio porte possui de 47 a 77 cm de comprimento da cabeça ao final do corpo, além de sua cauda preênsil que possui um tamanho de 40 a 67 cm, em que sua função é auxiliar na locomoção e equilíbrio no deslocamento pelas árvores, funcionando como outro membro. Seu peso pode variar entre 3,5 a 8,4 kg.

Foto: Karina Molina

O padrão de cor dos tamanduás-mirins é representado com tons de preto ou até mesmo castanho (tom que compreende a cor do “colete”, que pode aparecer parcialmente ou por completo) e o restante de seu corpo possui uma coloração dourada, Mas cada padrão pode variar de acordo com a sua distribuição. 

 

Em seus membros anteriores, o tamanduá-mirim apresenta 3 dedos com garras, sendo uma delas maior, utilizada para abrir os cupinzeiros e formigueiros, e também para sua defesa. 

 

Na região ventral de suas patas, existe um revestimento que auxilia na proteção das pontas das garras enquanto andam.

Foto: João Marcos Rosa

Apresentam algumas adaptações bastante semelhantes ao tamanduá-bandeira (este com maior porte), como por exemplo, a ausência de dentes, boca pequena, formato do focinho, língua comprida e tubular (com cerca de 40 cm), saliva pegajosa, olhos pequenos e orelhas redondas.

 

Devido a dieta de baixo teor calórico, o metabolismo dos tamanduás é mais lento e sua temperatura corporal mais baixa do que a de outros mamíferos  (32ºC).

Alimentação

A dieta destes mamíferos é bastante especializada tanto morfológica quanto fisiologicamente e é baseada em formigas e cupins, onde os captura tanto no alto das árvores quanto no solo. Também há registros de indivíduos que foram avistados se alimentando de abelhas e até mesmo de mel.

Se alimentando no alto das árvores / Foto: Karina Molina

Segundo amostras estomacais de 11 indivíduos de tamanduá-mirim, foram encontrados cerca de 17.180 espécimes de insetos, sendo 13.320 formigas (representando 77,5% de sua alimentação) e 3.860 cupins (representando 22,5%), mostrando claramente sua preferência alimentar.

 

Cada um desses insetos apresenta uma forma de defender suas colônias, por isso, os tamanduás também desenvolveram adaptações comportamentais para se defender de suas estratégias, como por exemplo, ficar poucos minutos em cada local de alimentação. 

 

Ao ingerir esses alimentos, eles são engolidos por completo, já que os tamanduás não apresentam dentes, e serão triturados somente no estômago através se sua musculatura e fibras rígidas. 

Distribuição

Estão amplamente distribuídos no país, ocorrendo em todos os biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Campos Sulinos e Pantanal) e apresentando uma grande área de vida que varia de 350 a 400 hectares. 

 

Além do Brasil, também são encontrados em outros locais da América do Sul, como no leste da Cordilheira dos Andes, Colômbia, Venezuela, Ilhas Trinidad, Guianas, ao norte do Uruguai e nordeste da Argentina. Infelizmente, sua tendência populacional ainda é desconhecida.



Distribuição do Tamandua tetradactyla / Foto: IUCN

Comportamento e Reprodução

Apresentam comportamentos diurnos e crepusculares. A atividade noturna já foi registrada para a espécie, mas esse tipo de comportamento varia de acordo com a disponibilidade de alimento e a temperatura do ambiente. 

 

Quando não estão ativos, costumam descansar nas árvores, ocos de tronco, tocas de tatus e outros locais que apresentam alguma cavidade natural.

 

Possuem hábitos solitários (exceto durante o período de cuidado parental) e são semi-arborícolas, preferindo o alto das árvores, mas também podem se deslocar, descansar e se alimentar no solo.  

Comportamento de defesa / Foto: André Pessoa

Os tamanduás-mirins conseguem ficar de pé, se apoiando somente em suas patas traseiras e em sua cauda, por conta de adaptações em sua coluna vertebral

 

Essa posição, inclusive, está relacionada a sua defesa, pois ao levantar o animal parece ser maior e com isso, pode assustar seu predador. Caso não haja sucesso, ele mostra suas patas dianteiras com suas enormes garras. 

 

Por serem solitários, ao se deparar com outros indivíduos de sua espécie (fora da época reprodutiva), há o comportamento agonístico (comportamento social associado a agressões), mas ainda não se tem muitas informações sobre o motivo dessas disputas. 

 

O tamanduá-mirim não possui dimorfismo sexual muito evidente, apenas a diferença de pesos, já que os machos são relativamente maiores. 

 

Os machos apresentam criptorquidia (ausência externa da bolsa testicular), porém apresentam um saco urogenital que se assemelha ao órgão das fêmeas, por isso, para saber efetivamente o sexo, é necessário realizar a sexagem através de exames laboratoriais

Foto: Karina Molina

Os tamanduás-mirins, em média, entram na idade reprodutiva aos 2 anos. Ao atingir essa idade, as fêmeas podem ter até duas gestações por ano, com uma gravidez que pode durar de 130 a 150 dias, dando a luz a um filhote por vez. Os filhotes ficam sob cuidados da mãe por cerca de um ano. 

Foto: ZooParque de Itatiba

Os filhotes ficam camuflados perfeitamente nos pelos nas costas das mães, assim como nos tamanduás-bandeira.

Ameaças

Segundo a IUCN, o estado de conservação desta espécie está classificado como “Menos Preocupante”, devido sua ampla distribuição e sua grande população em áreas protegidas. Contudo, eles sofrem diversos impactos antrópicos. 

 

Sua sobrevivência é constantemente ameaçada devido a perda de habitat, causada pela expansão agropecuária, queimadas, atropelamento nas rodovias, caça predatória, comércio de silvestres como pets, venda de sua pele para produzir couro, e até mesmo, para consumo de sua carne, alimentando assim, o tráfico ilegal de animais silvestres, além de ataques de animais domésticos.

 

Tamanduás não são Pet! Clique aqui e acesse o texto onde listamos 5 motivos pelos quais tamanduás não são pets. 

Foto: Jonathan Campos

Pelo fato de apresentarem um comportamento mais letárgico, grande área de vida e até mesmo, devido à perda de áreas de habitat em decorrência do desmatamento, o animal percorre grandes distâncias à procura de alimento ou abrigo e por isso, eles se tornam grandes alvos das colisões com automóveis. 

 

Dito isto, estes animais são essenciais no equilíbrio do ecossistema, controlando diversas populações de formigas e cupins. E como todos os animais, eles merecem ter seu ambiente respeitado e sua vida preservada, não é mesmo?!

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

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