Xenarthras do Pantanal: Conheça o bioma e sua biodiversidade

Pantanal / Foto: Instituto Tamanduá

O Pantanal é o menor bioma do Brasil, porém é considerado a maior planície alagada do mundo. Encontra-se no centro da América do Sul, situado na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e aqui no país, fica localizado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, apresentando 151.000 km². Hoje, vamos abordar esse bioma tão importante, pois dia 12 de novembro é seu dia. 

 

Sua importância é inigualável: regulando o regime de chuvas, abastecendo aquíferos, constituindo um grande berçário de peixes de rio de vários estados brasileiros e claro, um enorme refúgio de vida silvestre. 

 

Fica aí que vamos te contar mais sobre o bioma, sua biodiversidade, as espécies de xenarthras encontradas lá e claro, o que nós, do Instituto Tamanduá, fazemos por eles. 

O Pantanal

Não podemos falar do Pantanal, sem mencionar o rio Paraguai, ele é um dos mais importantes canais de escoamento de água do bioma, sendo uma grande bacia que recebe tanto água quanto sedimentos. Seu nome vem do guarani, que significa “rios das coroas de palmas”, associando as palmeiras que cercam as águas.

Principal rio do bioma: o Rio Paraguai / Foto: Gustavo Figueirôa

Esse rio, junto a seus afluentes, percorrem desde os pontos mais altos – planaltos – até as planícies e realizam a manutenção do que conhecemos como principais características do Pantanal: as áreas alagadas, já que a cada seis meses, ocorrem as cheias que inundam as planícies. O bioma é completamente dependente da água e das chuvas que influenciam diretamente esses fenômenos

 

Essa relação entre a planície e o planalto, está completamente interligada à enorme abundância da vida e à sua biodiversidade, onde cerca de milhares de espécies de fauna e flora dependem disso.

Imensa biodiversidade e coexistência - Foto: João Marcos Rosa

Além disso, o bioma é considerado um enorme complexo de ecossistemas, já que se entrecruza com cinco biomas, sendo eles, a Mata Atlântica, o Cerrado, a Amazônia e para fora do Brasil, o Chaco e o Bosque Seco Chiquitano. Devido a isso, foi considerado pela UNESCO um Patrimônio Natural da Humanidade e ainda, uma Reserva da Biosfera.

Grande complexo de Ecossistemas: o Pantanal / Foto: Gustavo Figueirôa

Ainda mais, o Pantanal é subdividido em 11 microrregiões, isso significa que, cada uma delas possui diferentes características que influenciam nas espécies que lá habitam. 

 

No Pantanal, é a água que comanda a vida dos animais e das pessoas que vivem lá.

Biodiversidade

No bioma, podemos observar uma biodiversidade imensa, são mais de 4,7 mil espécies, sendo elas, cerca de 3,7 mil espécies de plantas, 650 de aves, 124 de mamíferos, 80 de répteis, 60 de anfíbios e 260 espécies de peixes de água doce.

Onça Pintada bebendo água no rio / Foto: Gustavo Figueirôa

Hoje, é lá que se encontra uma das maiores populações de onças pintadas, um enorme símbolo da conservação, e onde são realizadas grandes pesquisas junto ao turismo de observação desses felinos. 

 

Também é conhecido mundialmente pelo avistamento de aves, como por exemplo, araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus), o tuiuiú (Jabiru mycteria), tucanos (Ramphastos spp.) e muitos outros. 

Araras-azuis no Pantanal / Foto: Karina Molina

A chance de encontrar uma diversidade imensa de animais, é o que faz o Pantanal ser tão apaixonante.

Tuiuiú / Foto: Karina Molina

Xenarthras do Pantanal

Já sabemos muito bem quem são os xenarthras, mas quais deles habitam o bioma? Bom, lá ocorrem seis espécies de tatu: o tatu-de-rabo-mole-grande, tatu-de-rabo-mole-pequeno, tatu-galinha, tatu-peba, tatu-canastra e tatu-bolinha; além das duas espécies de tamanduá: o tamanduá-bandeira e o tamanduá-mirim.

 

O Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), possui ampla distribuição no bioma e estima-se que existam cerca de 5 mil indivíduos por lá. 

 

É um mamífero de grande porte e se alimenta de formigas e cupins e assim, adaptou-se para isso, não apresenta dentes, mas possui uma língua longa e tubular com uma saliva pegajosa para a captura dos insetos, garras longas e afiadas para auxiliar na abertura dos formigueiros e cupinzeiros e, ainda, um longo focinho. Uma pesquisa feita no Pantanal nos mostrou que sua preferência alimentar são as formigas, e que, a alimentação à base de cupins ocorreu poucas vezes no bioma.

 

Infelizmente, essa espécie encontra-se como Vulnerável segundo a IUCN, principalmente pela perda de habitat, atropelamentos em rodovias, queimadas e enfermidades.

Tamanduá-bandeira com seu filhote / Foto: João Marcos Rosa

Agora, o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) é uma espécie que ocorre bastante nas áreas de planície e no entorno do bioma, é uma espécie considerada comum, mas não é tão fácil assim de vê-lo. É um tamanduá semi-arborícola, ou seja, ele utiliza o solo e o alto das árvores para se deslocar, se alimentar e descansar.

 

É um mamífero de médio porte e se alimenta de formigas e cupins, porém pode comer outros insetos ocasionalmente, como as abelhas e o mel que elas produzem. 

Tamanduá-mirim no Pantanal / Foto: Instituto Tamanduá

Falando dos tatus, temos o tatu-de-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay), e seu nome se deu por conta da ausência dos escudos dérmicos em sua cauda. Sendo uma das maiores espécies do gênero, chegando a medir até 49 cm e possuir de 10 a 13 bandas móveis. 

 

É encontrado em algumas regiões do Pantanal, onde habitam florestas primárias (nunca tocadas pelo ser humano) e secundárias (em recuperação, após alguma perturbação humana) porém os registros são raros, mas são vistos por armadilhas fotográficas. 

 

Somente alguns indivíduos foram avistados, e infelizmente estes haviam sido atropelados em alguns locais no Mato Grosso do Sul. Mas a espécie é classificada como Menos Preocupante pela IUCN, porém, as avaliações brasileiras dizem que não temos dados suficientes para determinar seu estado de ameaça. 

Tatu-de-rabo-mole (Cabassous spp.) no Pantanal / Foto: Virgínia Hayssen

O tatu-de-rabo-mole-pequeno (Cabassous squamicaudis), também não apresenta os escudos dérmicos na cauda, apresenta um tamanho que pode ir de 29 a 40 cm. 

 

Assim como a espécie acima, possuem 5 garras sendo a do meio a maior e em formato de foice que auxiliam na criação de suas tocas, apresentando assim, hábitos subterrâneos – vivendo abaixo do solo. Essas duas espécies são bastante semelhantes, porém se diferenciam no tamanho.

 

No Pantanal, vivem em regiões inundáveis e não inundáveis, apresentando grande distribuição.

 

O tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), é a segunda maior espécie desse gênero, seu tamanho varia de 29 a 45 cm e apresenta nove bandas móveis. 

 

Tem maior distribuição geográfica do que qualquer outro xenarthra. E no Pantanal, se encontra presente nas áreas alagadas e no entorno do bioma, sendo vista em diferentes habitats, tanto em áreas secas quanto áreas úmidas. 

 

São animais ativos tanto durante o dia quanto à noite, porém sua atividade pode variar de acordo com a temperatura do ambiente, tendo preferência por temperaturas amenas. 

 

Infelizmente, são muito caçadas, mas sua classificação pela IUCN é de Menos Preocupante por conta da sua ampla distribuição e adaptação a mudanças.

Tatu-galinha / Foto: Carol Fox Henrichs

O tatu-peba (Euphractus sexcinctus) pode atingir até 40 cm e apresenta de 6 a 8 bandas móveis. Essa espécie apresenta glândulas odoríferas em sua carapaça que podem ser utilizadas para marcar território e também, suas tocas. 

 

Uma característica marcante da espécie são seus pelos distribuídos por sua carapaça, que  são duros, longos e bem visíveis. 

 

É considerado solitário, mas existe interação entre alguns indivíduos. No bioma há registros de vários indivíduos compartilhando a mesma toca, e podem ser vistos muitos indivíduos juntos durante a época de reprodução, a chamada “farra do tatu”, onde vários machos disputam uma única fêmea durante alguns dias.

 

Essa espécie é encontrada em abundância em todas as microrregiões do Pantanal, habitando áreas abertas e bordas de florestas, estando bem distribuído. Porém, é a espécie de tatu com maior registro de atropelamentos no Pantanal, mas mesmo assim, seu estado de conservação está como Menos Preocupante pela IUCN, também devido à alta adaptabilidade e ampla distribuição.

Tatu-peba / Foto: João Marcos Rosa

O tatu-canastra (Priodontes maximus) é a maior espécie de toda a família, seu tamanho pode chegar a ter 100 cm e pesar até 60kg, sua carapaça possui de 11 a 13 bandas móveis. 

 

No Pantanal, ocorre em regiões específicas como, na Nhecolândia, na Bacia do Alto Paraguai, Bacia do Rio Negro, além de regiões montanhosas, florestas tropicais e áreas de planícies.

 

Possui hábitos noturnos, mas passa grande parte de sua vida no subsolo. Apesar de seus hábitos,  é considerado Vulnerável pela IUCN, por conta da caça para o consumo de sua carne por populações tradicionais. 

Tatu-canastra / Foto: Bradley Davis

Por fim, o tatu-bolinha (Tolypeutes matacus), do mesmo gênero do Tatu-bola-do-Nordeste, são os únicos que conseguem dobrar sua carapaça e formar uma “bolinha”, isso ocorre devido a suas três bandas móveis que proporcionam flexibilidade. 

 

É considerado um dos menores tatus do bioma, apresentando cerca de 25 cm. É ativo durante a noite, mas também ao dia, dependendo do período de chuvas. 

 

São vistos mais nas áreas secas do Pantanal, e seu avistamento é um pouco mais difícil. São considerados como Quase ameaçados pela IUCN, por conta da perda de habitat, intensa caça, exportação ilegal para venda e outros. 

 

Ufa, quantos xenarthras nesse bioma incrível, não?!

Ameaças

Atualmente, a principal ameaça visível do Pantanal e de toda sua biodiversidade é o fogo. Os incêndios constituem uma das ameaças mais evidentes e ocorrem por conta de uma junção de motivos, como: seca intensa – causada pelas mudanças climáticas junto ao aumento do desmatamento, diminuindo assim as chuvas; acúmulo de matéria orgânica; e claro, a interferência humana. 

 

Segundo o SOS Pantanal, mais de 95% dos incêndios florestais são causados pelo ser humano, sendo eles criminosos ou até mesmo não intencionais.

 

Muitos sabem que o Pantanal sofreu enormes queimadas em 2020 e 2021. Foi estimado que, somente nos incêndios de 2020, tenham morrido pelo fogo: 220 mil tamanduás e mais de 50 mil tatus. E foi aí que surgiu o nosso Projeto Órfãos do Fogo.

Queimadas no bioma / Foto: Gustavo Figueirôa

Outros fatores, além do fogo, também ameaçam sua biodiversidade, como as secas prolongadas, as mudanças climáticas, as barragens e o aumento do desmatamento do planalto.

Projeto Órfãos do Fogo

Nós do Instituto Tamanduá atuamos ativamente na reabilitação e reintrodução dos tamanduás-bandeira que foram vítimas dos incêndios no Pantanal e clicando aqui, você consegue ver os tamanduás órfãos resgatados e conhecer um pouco de sua história.

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