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O Brasil foi o país que mais perdeu área florestal na última década, cerca de 1,5 milhão de hectar a cada ano. Isso é o que aponta o relatório Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) divulgado em 2020. Esses dados soam como um apelo à reflexão da urgente necessidade de restaurar os ecossistemas de todo o planeta. Neste contexto, surgiu o nosso Projeto de Reflorestamento de Mangues. Continue acompanhando e o conheça melhor!
No mundo há 4,06 bilhões de hectares de florestas, o que corresponde a 31% da área da Terra. Toda essa área é fundamental à vida, afinal, as florestas são responsáveis por nos fornecer a maior parte da água doce que consumimos, do ar limpo que respiramos, da regulação do clima, além de criarem as condições necessárias para produção de nossos alimentos e claro, por abrigarem uma biodiversidade riquíssima de espécies da fauna e flora.
Infelizmente, mesmo com sua tamanha importância, elas estão sendo destruídas em ritmos alarmantes. Só no Brasil, país com a segunda maior área florestal do mundo, que abriga 12% das florestas existentes, 1,5 milhão de hectar se perde a cada ano, como mostra o relatório da FAO de 2020.
Diante da intensa devastação das florestas mundiais, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período entre 2021 a 2030, a Década da ONU da Restauração de Ecossistemas. Essa proclamação é uma última chamada para prevenir, deter e reverter os impactos das mudanças climáticas, decorrentes das destrutivas ações antrópicas a partir da revitalização dos ecossistemas mundiais.
Em resposta a esse apelo internacional, nós do Instituto Tamanduá iniciamos um projeto para restauração e recuperação da funcionalidade ecológica de um dos ecossistemas mais produtivos do planeta: os manguezais. Entre as diversas fisionomias florestais do Brasil, eles são um dos que se destacam: ocorrem em quase todo litoral brasileiro, no bioma da Mata Atlântica e possuem uma importância ecológica imensurável para as milhares de espécies que dependem dele, para as comunidades locais, para o clima e enfim, para o meio ambiente como um todo.
As florestas clamaram socorro e nós respondemos: o início de um novo projeto.
Foto por: João Marcos Rosa
Criado no dia 26 de julho de 2021, Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, o nosso mais novo projeto “Reflorestamento de Manguezais” foca na restauração dos manguezais na Ilha de Canárias (Araioses/MA) e faz parte do nosso Programa de Conservação do Tamanduaí. Apesar do manguezal ser a paisagem predominante, restingas, dunas e caatinga litorânea também são encontradas neste local, tornando a região um dos ambientes mais ricos em biodiversidade do litoral brasileiro.
Também vale ressaltar que a ilha faz parte de uma importante região: o Delta do Parnaíba, único delta das Américas, ponte entre a Mata Atlântica e a Amazônia. E está localizada dentro de duas unidades de conservação federais: RESEX Marinha Delta do Parnaíba e APA Delta do Parnaíba.
Neste momento, você pode estar se perguntando por que um instituto que atua na preservação de mamíferos terrestres se mobilizou na luta pela conservação desse ecossistema. Mas, a verdade é que essa luta tem tudo a ver com o trabalho que já desenvolvemos!
Este ecossistema é amplamente utilizado como habitat, área de alimentação, reprodução e proteção de espécies marinhas, estuarinas, limícolas e terrestres, incluindo espécies-alvo de nossos projetos de conservação, como o menor tamanduá do mundo, o tamanduaí (Cyclopes didactylus) e o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla).
“Estima-se que 25% dos manguezais em todo Brasil tenham sido destruídos desde o começo do século 20″
Os manguezais não fazem parte do trabalho do instituto somente pelo fato de espécies de Xenarthra habitarem esse ecossistema, mas por serem sinônimo de vida! Eles são uma proteção natural do litoral contra erosões e assoreamento de rios e são um dos maiores depósitos e sequestradores de gás carbônico da atmosfera, contribuindo diretamente na redução do efeito estufa.
Apesar do Delta do Parnaíba ser uma das áreas mais bem conservadas do Brasil, a paisagem florestal dos mangues tem sido impactada pela perda de suas áreas naturais, principalmente pelo corte de madeira para construção e carvão, pela retirada de casca de mangues para tintura e pela criação de animais soltos em áreas naturais. Os manguezais do Brasil já sofreram ainda mais pela expansão imobiliária, instalação de grandes empreendimentos, monocultura de cana-de-açúcar, implantação de carcinicultura, poluição, retirada de madeira ilegal e turismo desenfreado.
As áreas degradadas do Delta impactam diretamente a vida de mais de 50 comunidades tradicionais, as quais dependem da floresta em pé para assegurar sua sobrevivência a partir da realização das atividades de subsistência, como a pesca, cata de caranguejo, camarão, ostra e mariscos, a navegação e o turismo.
O trabalho de restauração não é apenas plantar mudas das espécies locais no ambiente, mas sim um longo trabalho, com diversas fases importantes que precisam ser contempladas.
O Delta do Parnaíba é constituído por mais de 70 ilhas e mais de 50 comunidades tradicionais. Por isso, a sensibilização da população local acerca da importância desse trabalho para a continuidade de suas atividades de subsistência e conservação desse ecossistema é imprescindível para o sucesso do projeto.
A nossa equipe manteve um relacionamento direto com os moradores das comunidades, investindo tempo em conversas diárias, não só sobre as espécies da fauna, mas sobre as atividades econômicas, a relação das pessoas com o ambiente, as mudanças observadas ao longo dos anos e as dificuldades enfrentadas.
Depois que vimos o envolvimento das comunidades, realizamos algumas reuniões que trouxeram informações valiosas para os próximos passos, que seguiram em direção à realização da primeira Oficina de Reflorestamento de Manguezais.
Discutimos sobre as espécies de mangue, coleta de propágulos, como plantar e realizar a manutenção e monitoramento das mudas do viveiro, além claro, de mostrarmos a importância da conservação dos ambientes litorâneos.
A partir dessas conversas, vimos a real necessidade de analisarmos mais a fundo as mudanças ambientais locais e a influência destas nas atividades sustentáveis da qual as comunidades dependem, como a pesca artesanal, cata do caranguejo, entre outras.
O levantamento de dados históricos sobre o uso do manguezal, a perda das áreas naturais e de geoprocessamento ao longo dos últimos 20 anos, permitiu a seleção de algumas áreas prioritárias para realizarmos a restauração ambiental.
Essa etapa é de suma importância para alinhamento do projeto, porque define o que será feito ao longo das próximas etapas.
Feita a seleção das áreas prioritárias, passamos para uma fase mais técnica, em que os pesquisadores analisam e definem como será feito o reflorestamento de cada uma delas.
Aqui, se faz necessário o levantamento de uma série de informações, como: quais espécies vegetais ocorrem ali? Quais delas são mais afetadas e, portanto, precisam de reflorestamento? Qual a zonação de espécies de manguezais (posicionamento de espécies da flora de acordo com a maré)? Qual é a época de produção de sementes de cada espécie? Entre vários outros fatores investigados.
A restauração das áreas de manguezais degradadas na ilha se dará por dois métodos: implementação de um viveiro de mudas na Comunidade do Passarinho, Ilha de Canárias, e pela restauração natural.
Essa fase foi iniciada em Abril/2022. Nossa equipe e moradores das comunidades coletaram os propágulos de mangue-vermelho e realizaram a semeadura, ou seja, plantaram as sementes em saquinhos específicos de mudas, para acompanhar seu desenvolvimento.
Após as mudas se desenvolverem, vem a parte mais emblemática do projeto: o plantio.
Mas sabia que isso não pode ser feito de qualquer jeito? Durante o plantio, é preciso tomar bastante cuidado com a posição e distância de uma muda para outra, pensando na dinâmica do ecossistema como um todo.
Com todo o cuidado necessário, em Outubro/2022 fizemos o primeiro plantio do Projeto. Por meio da união de 30 pessoas, plantamos mais de 2.000 mudas de mangue em uma das áreas degradadas selecionadas.
Foi o primeiro passo dessa etapa. Afinal, agora iremos preparar as ações de recuperação de manguezais em outras áreas degradadas dentro da RESEX do Delta do Parnaíba.
Nessa etapa, os envolvidos protegem tanto a área como as mudas plantadas de possíveis ameaças, como por exemplo, o pisoteio e consumo de mudas por animais domésticos (gado, suínos) e para isso, essas áreas são cercadas e sinalizadas.
Esta é a última e mais longa fase de todo o projeto! Mais especificamente, ela pode durar de 10 a 15 anos. Durante todo esse tempo, iremos acompanhar não só o crescimento das mudas, mas a presença de uma regeneração natural da área a partir do nosso plantio. E só então saberemos se a restauração funcionou, ou não.
Nós esperamos que sim! E vocês?
O seu apoio é fundamental para o nosso projeto. Como conhecer é preservar, não deixe de compartilhar esse conteúdo em suas redes sociais. Assim, você nos ajudará a divulgar conhecimento, apagando a luz do desconhecimento que nos cerca! Você também pode ajudar, contribuindo diretamente para as nossas ações. Clique aqui e faça parte da proteção das florestas no Delta do Parnaíba.
E aqui, gostaríamos de agradecer imensamente aos apoiadores e financiadores que permitiram a criação e execução do Projeto Reflorestamento de Mangues do Programa de Conservação do Tamanduaí. Sem vocês, esse trabalho tão importante e necessário, não seria possível.
Financiador: Fundação Grupo Boticário.
Apoiadores: Apa Delta do Parnaíba – ICMBio, Reserva Extrativista Delta do Parnaíba, Amar Delta, Comunidade do Passarinho/Ilha de Canárias.
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Trabalhamos em prol da conservação da biodiversidade há mais de 18 anos e somos referência em pesquisa e manejo de tamanduás, tatus e preguiças.
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