- contato@tamandua.org
- Telefone: (73) 99861-2916
- Seg - Sex: 09:00h - 17:00h
Os bichos-preguiça parecem calmos e sorridentes, concorda? Com uma carinha tão simpática, muitas pessoas imaginam tê-los em casa! Bom, assim como tamanduás não são pets, preguiças também não são. E neste texto, vamos te explicar o porquê!
É fácil entender por que as pessoas compram animais silvestres: elas se encantam por eles e acreditam que, de alguma forma, aquele novo companheiro traria alegria e boas memórias se mantido por perto. Mas a verdade é que essas mesmas pessoas desconhecem o sofrimento que esse tipo de criação implica na saúde destes tão queridos animais.
Diferentemente dos animais de estimação como cães e gatos, os bichos-preguiça não passaram pelo longo processo de domesticação. Detalhe: quando usamos o termo “longo”, estamos nos referindo a MILHARES de anos.
Isso quer dizer que, ainda que eles tenham nascido em cativeiro, os seus comportamentos e instintos naturais ainda fazem parte de sua essência selvagem. Por isso, a sua casa está LONGE de ser o ambiente adequado para eles.
Além disso, você verá nos próximos pontos que a criação desses animais é extremamente complexa: eles possuem diversas necessidades que são impossíveis de serem atendidas em um ambiente doméstico. Isso porque qualquer esforço de ambientação dentro ou fora da sua casa, não reproduz o espaço e a liberdade que teriam em seu habitat natural. Concorda?
Antes de mais nada, vamos conversar sobre a expressão sorridente desses animais: as preguiças de três dedos possuem poucos músculos faciais e por isso, o seu sorriso está sempre estampado, sendo essa a postura fixa de seu rosto. Isso significa que, ainda que este animal esteja passando por um processo dolorido, estará sorrindo. Ou seja, infelizmente, a simpatia natural deles NÃO significa contentamento, alegria, saúde e bem estar (como muitos acreditam)…
Agora, sobre as companhias: por mais triste que seja, a verdade é que as preguiças sentem medo de nós. E sobretudo, são animais solitários que sequer convivem com outras espécies na natureza. Só abandonam esse hábito durante épocas de acasalamento e de cuidado com o filhote.
O manejo e a interação excessiva podem se tornar um grande problema: essas situações podem ocasionar um nível altíssimo de estresse no animal, fazendo com que ele se sinta ameaçado e consequentemente, prepare mecanismos de defesa que podem nos ferir com suas garras fortes. Não bastasse isso, esse contato pode gerar traumas psicológicos irreversíveis no animal.
Mas o que é esse estresse? O animal para de se alimentar, defecar, ficam desnutridos, desidratados e deprimidos. Alguns ainda se contaminam com fungos e bactérias que causam doenças respiratórias fatais ou dermatomicoses (queda localizada do pelo).
Mas a principal resposta das preguiças ao estresse é o timpanismo, que em outras palavras, significa um aumento excessivo do abdome juntamente com uma maior dificuldade em respirar e consequentemente, coloca a vida do animal em risco.
Tudo isso e ainda estamos no segundo motivo! Mas se você ainda não está convencido, convidamos você a ler o próximo.
A sua dieta é composta estritamente por folhas, mas não é qualquer uma! A variedade de brotos e folhas é estabelecida pela espécie e região onde se encontra. Mas em geral, elas se mostram bem seletivas na hora de montar o cardápio, se aproveitando de uma pequena porcentagem de espécies vegetais que agradam o seu paladar.
E tem mais: toda a água necessária para sua sobrevivência é retirada da ingestão dessas folhas. Por isso, é importante que elas estejam frescas.
Pois bem, vimos que não existe uma ração e receita prontas para manter esses animais em cativeiro. Aqueles que tentam, acabam se frustrando com a morte em poucas semanas desses animais, que muito provavelmente, foi causada pelo estresse e desnutrição.
Os zoológicos e institutos de conservação sérios contam com uma equipe de profissionais altamente capacitados para atender as demandas básicas desses animais, sempre pesquisando novas formas de enriquecimento ambiental e alimentar para proporcionar o melhor bem-estar possível nesses ambientes. Mesmo com todo esse conhecimento técnico, as espécies do gênero Bradypus ainda são um enorme desafio para o manejo em cativeiro.
Assim como qualquer outro animal selvagem, as preguiças possuem um papel fundamental para o equilíbrio do ecossistema. Não sei se você já percebeu, mas os pelos delas são incrivelmente verdes e indispensáveis para sua camuflagem.
Essa defesa natural é causada por organismos que vivem em simbiose em sua pelagem densa, principalmente, algas, bactérias e insetos como baratas e mariposas. Estudos recentes mostraram que as preguiças carregam um verdadeiro ecossistema em seus pelos. Já foram encontrados mais de 72 grupos diferentes de organismos, dentre eles, uma espécie de alga endêmica, isto é, encontrada apenas em seus pelos. Incrível, né?
Imagino que talvez você quisesse dar um banho nesse animal para abraçá-lo sem preocupações… mas como se tantas espécies, inclusive o bicho-preguiça, precisa dessa associação para sobreviver?
O bicho-preguiça possui hábitos arborícolas, ou seja, passa a maior parte de sua vida escondido nas copas das árvores. Lá, está perfeitamente camuflado, descendo delas apenas a cada 7 – 8 dias para defecar ou quando não encontra ligações de galhos e lianas entre uma árvore e outra para se locomover.
Quando desce até o chão das florestas, ele se encontra quase que totalmente vulnerável aos seus predadores. Por isso, não estar nas alturas é um sinal intrínseco de perigo e alerta.
Toda a sua vida está nessas árvores: lá, ele se alimenta, se reproduz e, claro, dorme. Aliás, ele passa cerca de 17 horas por dia dormindo. E ao contrário do que muitos pensam, essa característica não é pura “preguiça”, mas se explica pelo metabolismo complexo e lento do animal.
Então, perguntamos a você : é possível interagir com esses animais de forma saudável na sua casa?
Apesar de todos esses motivos, algumas pessoas ainda insistem na ideia de domesticá-los. Inclusive, estão tentando incluir o bicho preguiça na Lista PET (lista de animais silvestres regulamentada pelo governo, que há anos está para ser lançada, sendo ela a responsável por determinar quais animais poderão ou não ter em casa).
Para ressaltar a importância de lutarmos contra essa ação, trouxemos uma causa BÔNUS: a legalização dessa atividade FOMENTARIA o tráfico desses animais, uma vez que os compradores costumam mostrar seus pets na mídia, gerando desejo em vários outros públicos.
A chegada desses animais em cada lar é marcada por uma série de atrocidades. Começando pelo fato de que, para serem vendidos, os filhotes são separados das mães que ou são mortas ou vendidas para o mercado de turismo CRUEL e exploratório para selfies.
Lembre-se: para pesquisadores trabalharem com manejo de animais, precisam ter experiência e licença ambiental. Isso quer dizer que essa exploração turística não está dentro da legalidade. Consumindo esse tipo de atividade, você estará incentivando a crueldade.
Então por isso, pedimos a todos vocês: ajudem-nos a divulgar e conscientizar cada vez mais pessoas que bichos-preguiça (e tamanduás) NÃO SÃO PETs!
D | S | T | Q | Q | S | S |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | |||||
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |
10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 |
17 | 18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 |
24 | 25 | 26 | 27 | 28 | 29 | 30 |
31 |
Trabalhamos em prol da conservação da biodiversidade há mais de 18 anos e somos referência em pesquisa e manejo de tamanduás, tatus e preguiças.
Inscreva-se em nossa newsletter e fique por dentro das novidades e projetos do Instituto Tamanduá.